quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Confronto entre madeireiros e índios deixa 1 morto e 2 feridos




Um confronto entre índios guajajaras e madeireiros, na segunda-feira, 15, na aldeia Lagoa Comprida, em Amarante do Maranhão (a 100 quilômetros de Imperatriz) deixou um morto e dois feridos. O índio Tomé Guajajara, de 69 anos, foi morto a tiros. Outros dois índios – Madalena, mulher de Tomé, e Toinho Guajajara, 18 – foram baleados.
O cacique Antônio Guajajara informou que a aldeia foi surpreendida pela invasão de um grupo de aproximadamente 17 pessoas armadas e encapuzadas, que chegaram num caminhão e duas motos já atirando. “Eu considero um ato de terrorismo o que aconteceu lá. Eles chegaram fortemente armados e atirando no nosso povo”, disse o cacique.
Ele informou que a suspeita do ataque recai sobre madeireiros que tiveram um caminhão apreendido pelos índios, quando este passava pela aldeia Lagoa Comprida, há cerca de um mês.
O cacique afirmou que o dono do caminhão (que não foi identificado) tentou por várias vezes retirar o veículo da aldeia, sem sucesso. “Eu entendo que foi mais um ato de revolta dos madeireiros, por causa da história desse caminhão”, disse.
Antônio Guajajara contou que já havia pedido proteção à polícia e à Justiça para evitar o confronto no local e reclamou da morosidade das autoridades em relação ao problema. “É com muita tristeza que nós recebemos a notícia dessa morte e nossa gente tá muito revoltada. Para mim, a justiça é muito morosa e só vem tomar providência depois que o pior aconteceu, e não foi por falta de apelo nosso”, desabafou.
O índio assassinado durante o confronto foi enterrado na própria aldeia, ontem pela manhã, quando chegaram ao local três funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai) e sete agentes da Polícia Federal (PF). Segundo informações chegadas a Imperatriz ontem, o clima na aldeia indígena Lagoa Comprida é de revolta, uma vez que os índios não se conformam com o ataque sofrido na segunda-feira.
Ameaças e mortes – O cacique Antônio Guajajara disse que, só nos últimos dez anos, 57 índios daquela aldeia foram mortos em confrontos. Além disso, funcionários da Funai, da Funasa e líderes indígenas são constantemente ameaçados de morte por madeireiros que atuam ilegalmente na reserva indígena. “A justiça tem que tomar as devidas providências. Não dá mais pra isso tudo ficar impune”, declarou o cacique.

Foto: Cacique Antônio Guajajara: clima na aldeia é de muita revolta

Fonte: Jornal Pequeno Maranhão

Nenhum comentário: